terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Sebastianismo (síntese).
Entende-se por mito sebastianista, o mito que sustenta a esperança do regresso de D. Sebastião cujo retorno iria vencer toda a opressão, sofrimento e miséria, que se vivia em Portugal, restituindo-lhe o brilho e a glória de tempos passados.
Este mito está patente na obra, Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, onde é comparado com a leitura interpretativa da obra, na medida que a possibilidade teórica do regresso de D. Sebastião é simbolicamente retratada pelo regresso de D. João de Portugal.
Há vários momentos em que se verificam referências ao mito sebastianista na obra, como por exemplo, no acto I, cena II, no primeiro diálogo com Dona Madalena que censura o velho aio Telmo pelas suas crenças sebastianistas; no acto I, cena III, em que as crenças de Telmo são assinaladas pela Jovem Maria de Noronha, que acredita no regresso de D. Sebastião, e também com a ocorrência do incêndio na casa de Manuel Sousa Coutinho, que permite a mudança de espaço físico para o palácio de D. João de Portugal e o contacto com o retrato de D. Sebastião.
Nesta obra o mito sebastianista assume uma conotação negativa, pois é perspectivado como sinal de paragem no tempo, estagnação e de sacrifício do herói na catástrofe final.
Almeida Garrett tem como intenção, ao abordar o mito sebastianista na sua obra, mostrar que a espera do retorno de D. Sebastião é símbolo de uma problematização do modo de ser português e da auto-interrogação de Portugal como país que busca a sua identidade e não a encontra.
Trabalho realizado por: Ana Emídio, Maria Beatriz Campos e Patrícia Duarte.
Correcção: Professora orientadora cooperante Regina Jerónimo e Prof. Carlos Mangas.
Características da tragédia clássica em Frei Luís de Sousa (síntese).
A obra Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett é caracterizada como um drama romântico, apesar do autor ter recorrido a vários elementos da tragédia clássica.
Os elementos caracterizadores da obra são: a presença constante de componentes da tragédia clássica e o fatalismo, onde o destino acompanha todos os momentos das vidas das personagens; pela tentativa de racionalmente negar a crença no destino, mas psicologicamente deixar-se afectar por pressentimentos e acreditar no Sebastianismo; pelo uso de prosa em vez do verso e pela utilização de uma linguagem mais próxima da realidade vivida pelas personagens; não ter preocupações excessivas com algumas regras, como a presença de coro ou a obediência perfeita à lei das três unidades (acção, espaço, tempo).
Os elementos da tragédia clássica presentes na obra são: o desafio (insubmissão de uma ou mais personagens cujos actos desafiadores se reflectem nos restantes); conflito (dilemas interiores vividos pelas personagens); destino (força implacável do destino que domina e pune o Homem); sofrimento (padecimento cada vez mais intenso das personagens, originando medos, aparentemente infundados); reconhecimento (identificação de pessoas ou coisas); auge (momento de maior intensidade dramática); peripécia (mudança repentina e inesperada do rumo da acção); catástrofe (desenlace calamitoso, com a morte inesperado do(s) herói(s), provocada pelo destino implacável).
Os acontecimentos na obra que espelham cada um dos elementos da tragédia clássica são:
- Desafio: D. Madalena apaixona-se por D. Manuel ainda em vida do marido (segundo casamento desta);
- Conflito: Dilema de Telmo que se sente dividido entre o amor de Maria e a fidelidade a D. João de Portugal;
- Destino: A ausência, durante 21 anos, de D. João e o seu regresso;
- Sofrimento: Os sentimentos de culpa e incerteza da Madalena;
- Reconhecimento: Identificação do Romeiro;
- Peripécia: Regresso inesperado de D. João de Portugal, que provoca uma súbita mudança no seio familiar. Anulação do 2º casamento de D. Madalena e consequente ilegitimidade da filha;
- Catástrofe: Morte de D. Maria de Noronha.
Trabalho realizado por: André Viegas, Melanie Madeira e Daniel Mestre.
Correcção: Professora orientadora cooperante Regina Jerónimo e Prof. Carlos Mangas.
Estrutura externa e interna. Personagens, espaço e tempo (síntese).
A obra de Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett está dividida em 3 actos. No que se refere à sua estrutura interna. Esta divide-se em:
- Exposição (apresentação) – Acto I, cenas I – IV;
- Conflito (sucessão gradual dos acontecimentos) – Acto I (cenas V – XII), Acto II e Acto III (cenas I – XII);
- Desenlace (desfecho) – Acto III, cenas X – XII.
Nesta obra de Almeida Garrett existem 11 personagens individuais e 2 grupos de personagens: o coro de frades de S. Domingos e os clérigos do arcebispo, frades criados, etc. ...
As personagens individuais são:
Principais:
- Manuel (Frei Luís) de Sousa;
- Dona Madalena de Vilhena;
- Dona Maria de Noronha.
Secundárias:
- Frei Jorge Coutinho;
- O Romeiro (D. João de Portugal);
- Telmo pais.
Figurantes:- Prior de Benfica;
- Irmão converso;
- Miranda;
- Arcebispo de Lisboa;
- Doroteia.
A acção ocorre em três espaços físicos diferentes, estando cada um localizado num só acto. No acto I, a acção desenrola-se numa câmara antiga. No acto II, é no palácio que foi de D. João de Portugal, em Almada. E no acto III, é na parte baixa do Palácio de D. João de Portugal.
Na obra de Frei Luís de Sousa, para além do espaço físico, fala-se também de espaço social e psicológico. O espaço social caracteriza o ambiente social vivido pelas personagens, nomeadamente a época. O espaço psicológico, caracteriza as vivências íntimas, pensamentos, sonhos, estados de espírito, memórias e reflexões das personagens.
Existem várias referências temporais históricas nesta obra, tais como:
- Batalha de Alcácer-Quibir;
- Existência de peste em Lisboa;
- Mito Sebastianista;
- Opressões e desavenças em Portugal, devido à perda da independência;
- Referência a autores do século XVI – Bernardim Ribeiro e Luís de Camões.
Descrição de personagens principais e secundárias:
Manuel de Sousa Coutinho
- Nobre;
-Racional;
- Bom marido e pai terno;
- Corajoso, audaz, decidido, patriota e nacionalista;
- Romântico.
D. Madalena de Vilhena
- Nobre e culta;
- Sentimental;
- Complexo de culpa (gostava de D. Manuel de Sousa Coutinho ainda estando casada com D. João de Portugal);
- Torturada pelo remorso do passado;
- Ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro;
- Apaixonada, supersticiosa, pessimista romântica, sensível e frágil.
D. Maria de Noronha- Nobre;
- Precocemente desenvolvida, física e psicologicamente;
- Doente de tuberculose;
- Encarnação de Menina e Moça de Bernardim Ribeiro (autor séc. XVI);
- Modelo de mulher romântica;
- A única vítima inocente.
D. João de Portugal- Nobre;
- Cavaleiro;
- Ama a pátria e o seu rei;
- Ligado à lenda de D. Sebastião;
- Nunca assume a sua identidade;
- É uma imagem de pátria cativa.
Telmo- Escudeiro e aio de Maria;
- Tem 2 amos: D. João de Portugal e D. Maria;
- Confidente de D. Madalena;
- Chama viva do passado (alimenta os terrores de D. Madalena).
Frei Jorge Coutinho- Irmão de D. Manuel de Sousa Coutinho;
- Amigo da família;
- Confidente nas horas de angústia;
- É quem presencia as fraquezas de Manuel de Sousa Coutinho.
Trabalho realizado por: Alexandra Pinheiro, Andreia Pais e Diogo Ferreira.
Correcção: Professora orientadora cooperante Regina Jerónimo e Prof. Carlos Mangas.
Contextualização historico-social (síntese).
A obra Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett foi escrita na época do Romantismo (movimento cultural que surgiu na Europa e nos Estados Unidos da América na segunda metade do século XVIII). Em Portugal foi um período marcado pela Guerra Civil entre Liberalistas e Absolutistas. Os Liberalistas defendiam a liberdade de expressão, a separação dos poderes do Rei e a governação respeitando a Constituição enquanto os Absolutistas opunham-se a estas ideias e defendiam o poder absoluto do Rei e a existência de grupos sociais privilegiados (Nobreza e Clero). D. Maria II foi coroada rainha de Portugal com 7 anos porque o seu pai (D. Pedro IV) abdicou do trono. D. Pedro IV foi o segundo filho varão de D. João VI e D. Carlota Joaquina. Foi líder dos Liberalistas. D. Miguel, seu irmão e terceiro filho varão, foi líder dos Absolutistas e recebeu o cognome de “O Usurpador” por ter-se apoderado do trono ilegitimamente. D. Pedro IV renunciou a coroa de Portugal porque já era imperador do Brasil e, por isso, favoreceu a sua filha. Quando abdicou da coroa impôs duas condições: A primeira era que a Carta Constitucional fosse jurada pelo reino e por D. Miguel. A segunda era que D. Miguel casasse com D. Maria II. Contudo, D. Miguel desrespeitou a Carta Constitucional e proclamou-se rei absoluto. D. Maria subiu ao trono definitivamente em 1834 quando D. Miguel assinou o acordo de paz que acabou com a Guerra Civil. Durante o seu reinado, D. Maria deparou-se com várias revoluções e contra-revoluções. Alguns dos feitos significativos realizados pela rainha foram o estabelecimento do ensino primário gratuito, a abolição do tráfego de escravos nas colónias portuguesas e a abolição da pena de morte em Portugal.
Trabalho realizado por: Duarte Coelho, Bruno Martinho e Micael Nascimento.
Correcção: Professora orientadora cooperante Regina Jerónimo e Prof. Carlos Mangas.
Época romântica: datas, características e temas (síntese).
O Romantismo foi um movimento cultural que surgiu na Europa (mais concretamente na Inglaterra) na segunda metade do séc. XVIII. Era a expressão artística e literária da consciência burguesa da altura.
Os três pilares (valores) que sustentam a corrente romântica são o individualismo, o subjectivismo e a intensidade. Esta acredita também no progresso, na liberdade e na bondade natural do homem corrompido pela sociedade.
No que se refere ao contexto histórico, quando o Romantismo chegou ao nosso país, Portugal encontrava-se numa guerra civil entre liberais e absolutistas, mais precisamente no ano de 1825, data do início da época romântica no nosso país, devido ao lançamento do poema Camões, de Almeida Garrett, que juntamente com Alexandre Herculano (outro grande romancista português), foram exilados para a Inglaterra devido aos conflitos existentes em Portugal.
O Romantismo em Portugal foi formado baseando-se nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade.
As temáticas abordadas nas obras dos autores românticos são o individualismo, as crenças e superstições, religiosidade, a sacralização do amor, as liberdade como um valor máximo, o papel desmesurado da fantasia, o gosto pela natureza nocturna, a procura de lugares exóticos, o patriotismo, o tema da morte e o sebastianismo (devido à morte do rei D. Sebastião, como não havia descendentes ao trono, este foi tomado pelo rei espanhol, criando uma inconformidade com a política vigente e passando a existir o sentimento de expectativa e esperança de uma salvação miraculosa, através da ressurreição de morto).
De todas estas temáticas, aquelas que são abordadas na obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, e as personagens onde estão patentes estas temáticas são:
- o Sebastianismo, patente na personagem de Telmo e Maria;
- o patriotismo, patente na personagem de Manuel de Sousa Coutinho, que incendeia o seu próprio palácio para que este não fosse ocupado pelos espanhóis;
- as crenças, superstições e religiosidade, existentes nas personagens de Telmo, Maria e Madalena, que aludiam a visões e sonhos que tinham;
- o individualismo, existente em madalena que promove o confronto entre o indivíduo e a sociedade;
- o tema da morte: a morte como solução de conflitos. Esta pode ser de vários tipos, como por exemplo, a morte física de Maria e a morte simbólica de Manuel e Madalena, que ao vestirem o hábito e irem para um convento, morrem para a vida mundana.
A obra de Frei Luís de Sousa (que iremos analisar nas próximas aulas), ao abordar várias das temáticas que são normalmente abordadas por autores românticos, faz de Almeida Garrett, não só um ilustre autor português mas também o impulsionador do Romantismo em Portugal.
Trabalho realizado por: Diogo Salgadinho, Tatiana, Ricardo e João.
Correcção: Professora orientadora cooperante Regina Jerónimo e Prof. Carlos Mangas.
Vida e obra de Almeida Garrett (síntese).
João Baptista da Silva – mais conhecido por Almeida Garrett – foi um grande escritor português, considerado o primeiro autor romancista do nosso país. Almeida Garrett nasceu a 4 de Fevereiro de 1799, no Porto. Garrett – o seu apelido – é proveniente da sua avó paterna de origem irlandesa.
Em 1809, ainda durante a sua infância, partiu com a família para os Açores (mais concretamente para a Ilha Terceira) devido à invasão francesa, onde estudou com o seu tio Frei Alexandre da Sagrada Família, o qual o iniciou na poesia. Rumou novamente ao continente com 17 anos para fazer o curso de Direito em Coimbra, acabando-o em 1821. Durante essa época foi influenciado pelas ideias liberalistas da mesma Os principais autores iluministas que contribuíram para a escrita da sua obra foram Voltaire, Maffei e Alfieri.
Finalmente, em 1821, é editada a sua primeira obra – Retrato de Vénus. A obra foi considerada controversa e foi até mesmo censurada, o que levou a ser intimado pelo tribunal, sendo absolvido mais tarde.
Em 1823, devido a ser defensor de ideias liberalistas, teve de procurar o exílio em Edgbaston. Foi durante esse período de exílio na Inglaterra que contactou com o Romantismo, sendo reconhecido mais tarde como um dos maiores românticos portugueses. As primeiras obras românticas de Almeida Garrett foram Camões e Dona Branca. Na época mais brilhante da sua carreira, a obra literária que mais se destacou foi Frei Luís de Sousa.
Almeida Garrett é considerado por muitos autores como um “autor completo”, pois escreveu obras-primas nos três grandes géneros literários: na poesia, no teatro e na prosa, renovando a escrita da época em todos eles. Acabou por morrer a 9 de Dezembro de 1854 em Lisboa.
Trabalho realizado por: Erik Dornelles, Miguel Martinho, Pedro Guerra e Pedro Neto.
Correcção: Professora orientadora cooperante Regina Jerónimo e Prof. Carlos Mangas.
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